ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.09.1996.


 


Aos cinco dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e oito minutos constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Luís Felipe Tavares da Silva nos termos do Requerimento nº 48/96 (Processo nº 930/96), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal. Compuseram a MESA: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Senhor Luís Felipe Tavares da Silva, Homenageado, o Senhor César Alvares, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, a Senhora Vera Grinberg, esposa do Homenageado, o Desembargador Nelson Rassier, representante do Tribunal de Justiça do Estado, o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul e o Coronel Élvio José Pires, representante do Comando Geral da Brigada Militar. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para que se manifestassem, em nome desta Casa, na presente homenagem. O Vereador Pedro Américo Leal, como proponente da homenagem e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PPS, PSDB e PST, discorreu sobre a trajetória de vida do Homenageado, desde os tempos em que este na função de Engenheiro comandou grandes obras em Porto Alegre até o presente momento como Gerente Comercial do Praia de Belas “Shopping Center”, onde demonstra seu espírito de liderança. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib, Jocelin Azambuja e João Motta. Logo após, o Vereador João Motta, pelas Bancadas do PT e PC do B, saudou o Homenageado reconhecendo que este exerce um tipo especial de cidadania, colaborando com a iniciativa de incentivar a produção cinematográfica brasileira. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, salientou o lado humano e participativo do Homenageado nas questões sociais do Bairro Menino Deus e a seriedade com que tratou as responsabilidades assumidas com a Associação dos Moradores deste bairro, inclusive colaborando com a construção de sua sede. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, referiu-se aos amigos e familiares do Homenageado que sempre estiveram presentes para apoiá-lo, ressaltando que essa homenagem que está lhe sendo prestada hoje, deve servir de incentivo para que ele continue fazendo cada vez mais pela nossa cidade. O Vereador Reginaldo Pujol, pela Bancada do PFL, teceu considerações sobre a trajetória do Homenageado, salientando sua capacidade de liderança e a forma liberal com que dirige o “Shopping Center” Praia de Belas, que se tornou um importante centro de comércio e de ativação econômica de nossa cidade. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Pedro Américo Leal e o Senhor César Alvares, para fazerem a entrega da medalha e do Diploma de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Luís Felipe Tavares da Silva. Logo após, o Senhor Presidente, em nome desta Casa, entregou ao Homenageado a obra editada em comemoração aos dez anos da nova sede da Câmara Municipal de Porto Alegre. “Porto Alegre à Beira do Rio e em meu Coração” e, logo após, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu aos Senhores Vereadores por todas as manifestações feitas na presente homenagem, citando alguns fatos de sua vida, considerados por ele os mais importantes. Às vinte horas e vinte e nove minutos, nada mais havendo a tratar o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Artur Zanella, agradecendo à presença de todos e declarando encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Pedro Américo Leal, como secretário “ad hoc”. Do que eu, Pedro Américo Leal, secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.


 

 


O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Estão abertos os trabalhos. Esta Sessão destina-se à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Luís Felipe Tavares da Silva. Convidamos a integrar a Mesa, além do nosso homenageado, o Dr. Cézar Alvarez, Secretário do Governo Municipal, representando S. Exa. o Sr. Presidente Municipal; a Sra. Vera Grinberg, esposa do homenageado; o Desembargador Nelson Rassier, representando S. Exa. o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Desembargador Adroaldo Furtado Fabrício; o representante do Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira, e o Cel. Élvio José Pires, representando o Comando-Geral da Brigada Militar.

Destacamos a presença dos Deputados Federais Nélson Marquezan, Adroaldo Streck e José Fortunati que, com suas presenças, honram este Parlamento.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

Esta Presidência, neste momento, já aberta a Sessão Solene de outorga do Título de Cidadania Porto-Alegrense ao Luís Felipe Tavares da Silva, quer manifestar e expressar ao homenageado a honra deste Vereador de, nesta oportunidade, presidir a presente Sessão Solene, uma vez que as ligações pessoais, afetivas deste Vereador com o homenageado e sua esposa são de muitos anos e honram este Vereador e a mim, como pessoa. O destino apresenta as situações mais curiosas no contexto vivencial e hoje apresenta a mim, pessoalmente, esta satisfação de presidir; evidentemente, não abriria mão, sob hipótese alguma, de estar aqui presente, neste momento, em quaisquer circunstância desta homenagem, desta iniciativa dos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, de concessão do Título de Cidadania Porto-Alegrense a uma figura que há muito é um porto-alegrense de fato. O que esta Casa, através de uma lei aprovada por unanimidade por este Plenário e, posteriormente, sancionada pelo Sr. Prefeito Municipal, simplesmente realizou, do ponto de vista legal, aquilo que já era uma situação plenamente estabelecida. Configurou-se apenas o reconhecimento legal e jurídico, se é que me permite o representante do Tribunal de Justiça Desembargador Nelson Rassier o uso dessas expressões legais na avaliação do Título que ora se concede ao nosso homenageado.

Conferimos a palavra, neste momento, ao Ver. Pedro Américo Leal, como proponente da homenagem, que falará em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PPS, PSDB e do PST.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Cumprimenta os componentes da Mesa.) (Lê.)

“O que levará o elenco de Vereadores a destacar uma personalidade como distinguida com título honorífico? Trabalhar com afinco na sua atividade? Ter amplitude social, colocando os problemas de sua coletividade ao lado dos seus ou mesmo sobrepujá-los? Ou há de ser a resplandescência, a fulgurância da pessoa, a força de sua personalidade, em certos episódios, arrebatando a rotina de uma vida?

Por certo, não há de ser só isso o que define a distinção, como, por exemplo, esta atribuída a Luís Felipe Tavares da Silva, tipo singular, hoje colocado na “pole position”.

Pelotense, engenheiro, homem de ciências exatas, mas, observem, engenheiro de obras, o que lhe abre a preferência imperceptível pelo convívio humano.

Aí reside, a nosso ver, o traço de sua personalidade, do seu destino.

Vamos investigar, buscar razões.

Foi sob a inspiração do grande Prefeito Telmo Thompson Flores, seu paraninfo, primeiro patrão, que saiu por aí, pavimentando obras. Era o engenheiro que partia, mas não seria o engenheiro que chegava. Por quê? Sua vocação romântica que o diga. Sim, porque toda vocação encerra quase sempre um romantismo.

A Avenida Oswaldo Aranha, a Icaraí, a estação rodoviária, os viadutos e o túnel da Conceição e tantos outros que, ao lado de sua obra, nos faz divagar e maturar: se não tivesse havido um Thompson Flores ontem, o que seria da Porto Alegre, hoje?

Esta curiosa personalidade hoje agraciada, examinada por um psicólogo, por certo teria um diagnóstico: não estava no lugar certo! No lugar devido, no que aspirava no inconsciente.

Sétimo funcionário da Empresa Edisa Eletrônica Digital S/A. Pertenceu ao seu primeiro time. Iniciou a tarefa de receber e desenvolver a tecnologia para a fabricação de computadores.

Era um pluriáptico, homem que dá certo em várias profissões, mas que, na verdade, tem uma paixão: muitos não a encontram, daí o desassossego por toda a vida.

Foi uma escolha do Governo Federal, a preferência, a formação de um quadro técnico para desenvolver e pesquisar conhecimentos, utilizando de mão-de-obra e de cérebros gaúchos, oriundos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a prata da casa.

Mas não estava só aí sua aptidão, sua vocação. O homem vagava ao léu em busca do seu verdadeiro destino. Sem saber, sem se aperceber, era um desassossegado. Ansiava mexer com o material mais complicado, difícil de manejar: gente, pessoas. Aí, sim, residia sua pulsação.

Sem saber, conduzido pelas suas preferências, faz um estágio, conduzido pelas suas afinidades com o público. Foi assessor da diretoria, gerente comercial de “marketing”. Uma luz se acendia. Inconscientemente, preparava seu desligamento das coisas exatas.

Contas nacionais desfilaram sob seu comando: PETROBRÁS, ESSO, SHELL, VOLKSWAGEN, BANRISUL, bancos os mais diversos, um verdadeiro patrocínio. Daí, para ingressar, em 1993, no Praia de Belas “Shopping Center” como Gerente Comercial, foi um “flash”, um passe de mágica. Estava definido o homem.

Finalmente, tinha se encontrado, esvaziava-se aquele calculador, com régua de cálculo na mão, goniômetro e bússola pendurados, tábua de logaritmos a preocupar o novo caminho. Que transformação psíquica. E ninguém melhor do que este que vos fala, como psicólogo, para entender o achado. O encontrado. O clarão!

Comunicação, liderança, relações com a comunidade, são ânsias que não se podem travar. É uma busca sem a qual não há realização interna.

A administração do “Shopping”, com centenas de lojistas, mais de 2.000 empregados, funcionários, diretor, outros tantos indiretos, sem que soubesse, era seu reino, seu anseio, não identificado. Diplomou-se engenheiro competente e saiu por aí, fazendo obras. Mas sua obra era outra!

A criatura humana é uma caixa de segredos inesgotáveis até sua morte. Qual há de ser o último pensamento registrado de um moribundo? Para quem? Para o quê?

Hoje, pelo seu reinado, transitam no Praia de Belas “Shopping Center” 1.500.000 turistas e trafegam 280.000 automóveis por mês. É a sua cidade, seu império, seu domínio, tanto que o ilustre Prefeito de Porto Alegre Tarso Genro considerou esse seu ducado como uma subprefeitura de Porto Alegre.

Como então não distinguir com um Título de Cidadão de Porto Alegre a um homem que o próprio Prefeito decide considerar oficiosamente seu subprefeito, não pertencendo sequer ao PT?” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças dos Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib, Jocelin Azambuja, João Motta, além do Vereador que acaba de deixar a tribuna, Pedro Américo Leal. Falará em nome das Bancadas do PT e do PC do B, o Ver. João Motta, que está com a palavra.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. homenageado Luís Felipe Tavares da Silva, sua esposa, Senhoras e Senhores. Para nós da Bancada do Partido dos Trabalhadores, Coronel e Ver. Pedro Américo Leal, é motivo de muita honra e certamente vai passar para nossa agenda política, nesta Legislatura, o fato de estarmos, aqui, presentes, mais uma vez, convocados que fomos pela sua criatividade e pela sua demonstração de civismo e cidadania ao homenagear este cidadão com o qual também tivemos oportunidade de conviver e viver alguns momentos, momentos esses que fizeram com que nós não tivéssemos nenhuma vacilação; ao contrário, se tivemos algum sentimento, Ver. Pedro Américo Leal, quando percebemos a tramitação do seu Projeto de Lei, foi de ciúmes por não ter sido um membro de nossa Bancada o autor do mesmo. Mas estamos aqui presentes para nos associar a esta homenagem. Eu não gostaria de fazer um discurso destacando o óbvio acerca dessa figura à qual nós hoje prestamos esta homenagem.

Gostaria, em nome da minha Bancada, de registrar um pouco do seu cotidiano no exercício da gerência desse “Shopping” que praticamente todos nós freqüentamos semanalmente, que retrata um pouco, talvez, um aspecto da sua existência que poucos de nós conhecemos. Eu tive a oportunidade de socializar, conviver várias horas, muitos dias num processo que demonstra para nós uma faceta da cidadania que precisa ser cada vez mais reconhecida pela nossa Cidade, nós que achamos que a cidadania só se constitui no discurso político, nós que achamos que a cidadania só se constitui se ela for informada por um perfil contestador, um perfil oposicionista.

Não, nós queremos dizer, com toda a tranqüilidade e transparência, que a cidadania também se constitui de outras formas, e essa que relato a partir de agora, na nossa opinião, é uma forma de se constituir esse espaço pelo qual a sociedade brasileira vai nessa transição avançando e superando as suas próprias limitações.

Este episódio aconteceu por uma circunstância da vida, depois que tivemos oportunidade de dialogar com um amigo comum, também muito próximo do companheiro Vila Verde, da direção do nosso Partido, um companheiro que estava fazendo mestrado em Paris, agora já retornando ao Brasil. Quando tive a oportunidade de visitar o Tavares, uma das discussões acaloradas que tivemos, naquela oportunidade, foi a crítica contundente que ele fazia pelo fato de as salas de cinema estarem se concentrando nos “Shoppings Centers”. E quando relatei que era um assíduo freqüentador dessas salas de cinema, mais indignação ele manifestou.

Luís Marques, que é um amigo pessoal que temos, estará retornando a Porto Alegre, Tavares, exatamente nos dias em que estaremos assinando o convênio do qual tu, na minha opinião, foste um dos grandes articuladores. E poderia usar uma figura simbólica para retratar a tua importância neste processo: tu foste uma espécie de padrinho dessa idéia e dessa iniciativa. Na segunda-feira estaremos no Salão Nobre da Prefeitura assinando um convênio entre a PTC, Sindicato dos Exibidores, Prefeitura Municipal, Câmara Municipal de Porto Alegre, chancelando a discussão que nós tivemos por muitos e muitos dias do Projeto “Curta nas Telas”. Quero te dizer que tu foste, na minha opinião, uma das figuras mais responsáveis para que se cumpra, hoje, em nível nacional, já que temos uma lei que regula a apresentação de curtas, que é uma tentativa de incentivar a produção cultural cinematográfica brasileira. Pois nós estaremos, nesta semana, assinando esse convênio. Eu queria dizer, com toda a tranqüilidade e transparência, em nome da Bancada do PT, que esse tipo de cidadania também nós devemos reconhecer. Por esta razão, e por segunda-feira, nós não poderíamos estar ausentes neste momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra. Fala pela Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O PTB não poderia deixar de estar presente neste momento prestando esta homenagem que a Cidade de Porto Alegre faz a Luís Felipe Tavares da Silva. E eu, particularmente, fiz questão de vir à tribuna para mostrar um outro lado dessa relação de Luís Felipe Tavares. Eu o conheci, praticamente, quando entrei na Câmara. Ele entrou no “Shopping” e eu entrei na Câmara de Vereadores. Eu sou vizinho do Tavares no Menino Deus. O Bairro Menino Deus recebeu todo o impacto do “Shopping” Praia de Belas, dessa relação de modernidade com a vida da Cidade. E o Tavares assumiu também missões difíceis. O Bairro Menino Deus é um bairro dos mais tradicionais da nossa cidade de Porto Alegre e eu tenho a felicidade de morar há muitos anos ali. E logo de início o Tavares se defrontou com um sério problema: as reivindicações da Associação dos Moradores do Bairro, que está aqui representada pela nossa Presidente atual, Professora Gessi Fioravante, e a ex-Presidente, Profa. Alzira Bann. E lá fomos debater com o Tavares a construção da Sede da Associação de Moradores do Bairro Menino Deus, o que já vinha sendo objeto de várias negociações com o “Shopping” Praia de Belas. Dentro do seu espírito positivo, o Tavares negociou com a comunidade, demonstrando o lado positivo das várias formas de ações que ele empreende. Sei que é um trabalho extremamente difícil, não só administrar a sub-prefeitura, como também manter esse tipo de relação com a comunidade. O “Shopping” não é um ente isolado. Ele tem uma relação de convivência com a população e precisa manter todo esse posicionamento de forma positiva para não gerar a insatisfação da comunidade.

Tive a oportunidade de conviver com o Tavares e pude ver esse lado positivo da sua personalidade, tive a oportunidade de ver o cumprimento da sua palavra, o que é tão importante e pelo que todos clamam sempre: o cumprimento da sua responsabilidade. O Tavares manteve o compromisso assumido com a Associação, que construiu a sua sede, uma das mais belas sedes de associações de moradores, lá na Praça Roque. Nós negociamos com a Colônia Calabresa, do Bairro Menino Deus, dizendo que ela deveria ficar com a Praça Itália e não com a Praça Roque. Conciliamos tudo, e o Tavares sempre na ponta da discussão, harmonizando, buscando uma solução. Isso revela esse cidadão que hoje é homenageado por Porto Alegre.

Esta Câmara de Vereadores reconheceu todas essas facetas da personalidade do Tavares e do seu envolvimento com a Cidade. Isso demonstra que está apto para ser um cidadão de Porto Alegre. Esse pelotense agora já pode se considerar, de fato, um Cidadão de Porto Alegre, porque ele já passou por todos os embates, conseguindo atingir os planos ideais de realização humana. Isso é muito importante. Porto Alegre, Tavares, neste momento, tem a honra de poder tê-lo como filho, e tenha a certeza de que ainda vamos te cobrar muitas coisas, porque precisamos do teu trabalho, da tua competência, da tua seriedade e responsabilidade. Vamos te cobrar bastante. Tens somente cinqüenta anos. Tens muito a dar para esta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registro as presenças do Presidente da Sociedade de Informática do Rio Grande do Sul, Sr. Antônio Ramos Pires, e do Sr. Clair Rokfort, Diretor do “Diário Popular”, de Pelotas.

O Ver. João Dib está com a palavra pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Numa solenidade como a de hoje, o que poderíamos dizer ao homenageado? Tudo aquilo que eu vier a dizer aqui daquilo que ele já realizou todos que aqui estão já sabem, porque são seus amigos e vieram aqui para aplaudi-lo. Então, vou falar sobre a criatura humana, o Felipe, o Tavares, o Luís Felipe para outros, mas sempre um amigo presente, uma pessoa que faz um culto permanente da amizade, que tem na simplicidade uma característica marcante da sua personalidade e que se preocupa muito com os seus semelhantes. Um outro traço seu é a solidariedade humana. Estas são as qualidades que fizeram com que o nosso homenageado, hoje, recebesse este Título de Cidadão de Porto Alegre e recebesse por unanimidade toda da Câmara Municipal. Mas disseram que ele é de Pelotas, disseram que ele é do Rio Grande do Sul. Eu lembrei, quando falavam, de Sócrates: perguntaram se ele era de Atenas; ele disse que não era de Atenas e nem da Grécia; ele era do mundo. E o Luís Felipe Tavares da Silva vai poder dizer, agora, que ele não é de Pelotas, que ele não é do Rio Grande do Sul, que ele é de Porto Alegre e Porto Alegre é um mundo, um mundo que o Felipe ajuda a fazer mais alegre e ajuda a fazer mais humano.

Mas, meu querido Luís Felipe, ninguém recebe homenagem sozinho. Sempre tem alguém que o auxilia, sempre há alguém que o estimula, sempre há alguém que lhe dá ânimo nos momentos difíceis. E quantas vezes deves ter chegado em casa, com problemas, e encontraste um auditório magnífico! Lá estava a Vera para te dizer: “Felipe, vamos em frente, que nós chegamos lá”. Lá estava a Melina, lá estava o Cássio, dizendo: “Felipe, segue que nós te acompanhamos”. Além disso, os teus amigos, por este culto que tu fazes à amizade, sempre prontos a te apoiar e dizer que continuasses no bom caminho. Fazer uma análise, como fez o meu ilustre colega de Bancada, o Ver. Pedro Américo Leal, que, entre outras coisas, também é psicólogo, também é professor, realmente é difícil; é difícil, depois dele, falar na característica romântica do Felipe, um homem que sonha, que tenta transformar estes sonhos em realidade – é uma coisa muito boa. Mas, na verdade, Felipe, o título que hoje te outorgam, que é o começo de uma série desta semana, - cinqüenta anos é uma data muito importante na vida da gente, mas outros títulos estão sendo aguardados no “marketing” nacional e outras coisas mais pelo merecimento que tu tens – mas o título que estás recebendo está a dizer: “Felipe, Porto Alegre, que é um pequeno mundo, espera muito mais de ti, e esta força, este entusiasmo que te é dado agora, esta alegria que estás vivendo, neste momento, junto aos teus amigos e familiares, será a razão de que Porto Alegre espere muito mais e que tu continues na mesma trilha, com a mesma simplicidade, com a mesma preocupação, amizade e solidariedade humana, fazendo mais por Porto Alegre, por sua gente e por todos nós”. A homenagem é realmente muito merecida. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol, que falará pela Bancada do PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa.) Ilustres Srs. Deputados, especialmente meus amigos Nelson Marchezan e Adroaldo Streck, e essa figura digna, de grande parlamentar brasileiro, que é o Dep. José Fortunati; colegas Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras. O grande pensador espanhol Ortega Y Gasset, em uma de suas elocubrações, afirmava há muito tempo, ao falar sobre a natureza humana, “que o homem é ele e as suas circunstâncias”. Nós não desconhecemos que, ao homenagear, no dia de hoje, o Luís Felipe Tavares da Silva, nós homenageamos também a circunstância de ser ele, pelos seus méritos, competente dirigente de um dos maiores empreendimentos que a Cidade de Porto Alegre conhece. Empreendimento que coloca Porto Alegre, ainda que timidamente, na modernidade, criando um local onde, de forma ordenada, organizada, se possa consumir, produzir, vender e formar riquezas. A vida de Luís Felipe Tavares da Silva é rica de motivos e razões pelos quais esta Casa poderia chegar ao ponto que chegou. Luís Felipe, lembro bem, como engenheiro, foi um destacado integrante da equipe da EPASUL, aquela empresa que em determinado momento da história de Porto Alegre, no momento em que ela era dirigida pelo Engº. Telmo Thompson Flores, seu paraninfo, realizava uma série infindável de obras na qual a EPASUL se destacava sobremaneira. Poderia também lembrar da atuação pioneira do Luís Felipe na EDISA, essa empresa genuinamente gaúcha que se destacou numa atividade nova, desconhecida até a sua instalação aqui no Rio Grande e o fez com grande eficiência. Mas não tenhamos dúvida de que essa circunstância que Luís Felipe vive desde 1993 como dirigente do “Shopping” Praia de Belas é que evidenciou a sua figura de tal ordem que a sensibilidade do Ver. Pedro Américo Leal soube captar. Neste momento, eu quero dirigir ao Luís Felipe a homenagem do PFL, que tenho orgulho de representar nesta Casa e que vê nele uma das figuras que de forma mais expressiva sustenta esse estilo de vida que nós liberais propugnamos para a Cidade e para o Rio Grande. Nós, que estamos acompanhando o “Shopping” Praia de Belas desde o seu nascedouro, lembramos muito bem o terror que a idéia da implantação de um “Shopping” naquela área de Porto Alegre, no primeiro momento, criou. Havia o temor de que pudesse ser comprometido o espaço verde que a sociedade gaúcha conquistou com o Prefeito Guilherme Socias Villela, que é o Parque Marinha do Brasil. Hoje, irmanadas ambas as situações e acrescida ainda a área verde daqueles suplementos que a instalação do “Shopping” permitiu, nós temos confessada pelo Ver. Jocelin Azambuja, Vereador que mora ali, no Menino Deus, a plena integração dessa modernidade em termos de atividade comercial com o contexto da Cidade de Porto Alegre. E, nessa integração, a capacidade de liderança, a capacidade de aglutinação e, sobretudo, a forma liberal e aberta com que o Luís Felipe se conduz na direção desse importante centro de comércio de ativação econômica da Cidade, foi fator preponderante. Nesta linha, é uma homenagem sincera, positiva e, sobretudo, orgulhosa que o PFL oferece neste dia. Meus cumprimentos, Luís Felipe; tu és merecedor deste título pelo que fizeste e pelo que ainda continuarás a fazer por Porto Alegre, que te acolheu e que se orgulha em tê-lo entre os seus ilustres filhos que vão compor a sua galeria de cidadãos honorários. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apesar de trabalhista, a Presidência foi liberal no tempo do Ver. Reginaldo Pujol.

Neste momento, convidamos a todos para que, de pé, assistam à entrega do diploma e da medalha de Cidadão de Porto Alegre. Convidamos o Ver. Pedro Américo Leal e o Dr. Cézar Alvarez, representante do Sr. Prefeito Municipal, para que entreguem a medalha e o diploma ao Sr. Luís Felipe Tavares da Silva.

(Procede-se à entrega do diploma e da medalha.)

 

Eu queria também, em nome da Casa, fazer a entrega ao homenageado de uma obra editada por ocasião dos dez anos da nova sede da Câmara Municipal de Porto Alegre, o livro “Porto Alegre à Beira do Rio e em  Meu Coração”.

 

(Procede-se à entrega do livro.) (Palmas.)

 

O Sr. Luís Felipe Tavares da Silva está com a palavra.

 

O SR. LUÍS FELIPE TAVARES DA SILVA: Sr. Presidente, eu acho que tenho aqui muitos dos meus amigos que fiz em Porto Alegre e em Pelotas. Estou muito feliz e quem é meu amigo sabe que sou um grande chorão e não vai dar outra. Todas as pessoas falaram, Pujol, Pedro Américo, Dib, João Motta, de várias coisas que eventualmente eu tenha feito. Nesta última semana estive pensando nesse meu improviso e vi que sou uma pessoa muito feliz por ter feito tantos amigos. Durante toda a minha vida procurei fazer amigos e vocês que me conhecem bem sabem que fico reconhecido por estarem presentes neste momento.

Quando eu era pequeno, lá em Pelotas, em muitos domingos eu saía com o meu pai para caminhar. A gente ia caminhando e conversando e ele ai cumprimentando pessoas, e eu ia perguntando quem eram as pessoas e ele me dizia: “eu a conheço há dez anos, há quinze anos”. Mas tinha um número, para mim, que era cabalístico, que era: “eu conheço aquela pessoa há vinte e cinco anos”. Esse número “vinte e cinco” me perseguiu durante toda a minha vida. O Pedro Américo Leal me chamou de pluriáptico, falando do meu conhecimento da matemática, das ciências exatas. Eu aprendi, na minha vida, a fazer todas as contas, no mínimo de multiplicar, que envolvem o número vinte e cinco. Eu não sei por que, mas isso foi me perseguindo. Eu estou fazendo, neste ano de 1996, em Porto Alegre, trinta anos nesta Cidade. Procurei manter essa grande relação com Pelotas, que é a minha cidade de coração, onde eu tenho o meu título eleitoral. Então não posso dedicar esse título ao PT, ao PFL, ao PTB. Infelizmente, eu não posso votar aqui, mas empresto meu “outdoor”, que está ali na saída, para vocês.

Então, isso, para mim, essa coisa que o meu pai me transmitiu, do amigo, é uma coisa que procurei seguir toda a minha vida. Fiz muitos amigos na minha vida e me orgulho de tê-los feito. Até hoje tenho grandes companheiros, amigos em Pelotas – estou vendo-os aqui, dois mais antigos. Estou fazendo 50 anos nesta semana, tenho amigos há mais de 40 anos aqui, 15 anos a mais do que os 25 do meu pai. Isso, para mim, é muita emoção. Estou vendo aqui o Luís Felipe Gastal que certamente deve ser o meu mais antigo amigo. Estou vendo várias pessoas que me seguiram nas épocas mais importantes da minha vida, nas várias fases da minha vida.

Então, o que estou recebendo hoje, este título honroso, quero dividir com todos vocês, pois é um motivo de grande satisfação, com todos os meus amigos que me acompanharam nas fases da minha vida.

Não é querer dar a alguns importância maior do que a outros. Selecionei, durante esses dias, pessoas que foram muito importantes para mim durante este período em Porto Alegre e durante os 50 anos de vida. Peço licença aos meus amigos para citar apenas alguns que não são os mais importantes, mas foram muito importantes em diversas fases da minha vida.

Quero agradecer ao meu pai, pelo que me representou e me representa ainda, pelo esforço que fez na nossa formação; à minha mãe, que está aqui conosco, pelo amor dedicado; aos meus irmãos pelo que tanto contribuíram para mim; ao meu ex-sogro Florindo Torres, que não vemos, meu segundo pai, pelo estímulo e exemplos que me transmitiu; à Eloah Helena, minha ex-esposa, pelo grande incentivo durante a nossa longa convivência; aos meus ex-cunhados, que estão aqui; ao Luís Fernando, Francisco Miguel e à Regina, pela fraternidade; à Vera, minha mulher, e os filhos Cássio e Melina; à minha família pelo apoio constante. Aos meus cunhados Beto e Zulema, Sérgio e a Nena, a Iara e o Bira, pela acolhida e amizade sempre demonstrada; aos meus sobrinhos pelo que tanto souberam, que sabem, substituir os filhos que eu não tive.

Quero fazer um agradecimento especial ao Dr. Ivo Wolffe, que foi o Diretor da Faculdade de Engenharia, que permitiu a minha transferência de Santa Maria e tornou possível realizar o meu sonho. Quero agradecer também à Secretária do Dr. Ivo Wolffe, que insistiu com ele para que me recebesse e eu pudesse me transferir de Santa Maria para Porto Alegre. A um grande amigo, que não está mais conosco, Antonio Carlos Ferreira – a presença dele foi nos tirada muito cedo, na melhor fase de sua vida, porque ele acreditou muito no meu potencial e me convidou para fazer um teste na IBM, o que foi fundamental na minha vida pessoal, profissional e na minha permanência aqui.

Ao meus queridos amigos que não estão aqui, o Luís Fernando Centeno e Régis Guedes da Luz, pelo grande companheirismo desde os tempos de faculdade. As nossas divergências de hoje não apagam nada, nada do que eles me representam. Aos meus professores da faculdade eu quero agradecer também e quero centralizar esse agradecimento em uma pessoa de conduta ímpar e de lucidez exemplar, que é o Manoel Luís Leão, meu guru, meu querido professor, que a lucidez me faz perseguir coisas maiores. Ao querido Ver. João Antonio Dib e a Mariur, que têm um lugar especial no meu coração, em que pese a nossa muda discordância política, criou-se uma grande amizade entre nós e tenho um grande respeito por sua trajetória política que inclui sete legislaturas nesta Casa, se Deus quiser. Ele é um exemplo de exercício de cidadania exemplar. Tem trânsito livre em todas as correntes ideológicas, coisa que só os retos, os justos e os bons conseguem. Ao Ver. Pedro Américo Leal, que encaminhou a proposição desse meu título, o meu mais profundo reconhecimento pluriático. E a todos os meus amigos, àqueles que estão presentes e aos que não estão, um muito obrigado. Deixo um grande abraço a esta Cidade que hoje me faz seu cidadão. Amo todos vocês, um abraço. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar a presença do Ver. Artur Zanella. Agradeço a presença de todos os senhores. Depois da manifestação do nosso homenageado, resta-nos agradecer a presença de todos os senhores. Muito obrigado.

Está encerrada a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h29min.)

 

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