ATA DA
VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.09.1996.
Aos cinco
dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no
Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre. Às dezenove horas e vinte e oito minutos constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão destinada a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Senhor Luís Felipe Tavares da Silva nos termos do Requerimento nº
48/96 (Processo nº 930/96), de autoria do Vereador Pedro Américo Leal.
Compuseram a MESA: o Vereador Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Senhor
Luís Felipe Tavares da Silva, Homenageado, o Senhor César Alvares,
representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, a Senhora Vera
Grinberg, esposa do Homenageado, o Desembargador Nelson Rassier, representante
do Tribunal de Justiça do Estado, o Coronel Irani Siqueira, representante do
Comando Militar do Sul e o Coronel Élvio José Pires, representante do Comando
Geral da Brigada Militar. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a
palavra aos Vereadores para que se manifestassem, em nome desta Casa, na
presente homenagem. O Vereador Pedro Américo Leal, como proponente da homenagem
e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PPS, PSDB e PST, discorreu sobre a
trajetória de vida do Homenageado, desde os tempos em que este na função de
Engenheiro comandou grandes obras em Porto Alegre até o presente momento como
Gerente Comercial do Praia de Belas “Shopping Center”, onde demonstra seu
espírito de liderança. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou as
presenças dos Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib, Jocelin Azambuja e João
Motta. Logo após, o Vereador João Motta, pelas Bancadas do PT e PC do B, saudou
o Homenageado reconhecendo que este exerce um tipo especial de cidadania,
colaborando com a iniciativa de incentivar a produção cinematográfica
brasileira. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, salientou o
lado humano e participativo do Homenageado nas questões sociais do Bairro
Menino Deus e a seriedade com que tratou as responsabilidades assumidas com a
Associação dos Moradores deste bairro, inclusive colaborando com a construção
de sua sede. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPB, referiu-se aos
amigos e familiares do Homenageado que sempre estiveram presentes para
apoiá-lo, ressaltando que essa homenagem que está lhe sendo prestada hoje, deve
servir de incentivo para que ele continue fazendo cada vez mais pela nossa
cidade. O Vereador Reginaldo Pujol, pela Bancada do PFL, teceu considerações
sobre a trajetória do Homenageado, salientando sua capacidade de liderança e a
forma liberal com que dirige o “Shopping Center” Praia de Belas, que se tornou
um importante centro de comércio e de ativação econômica de nossa cidade. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o Vereador Pedro Américo Leal e o
Senhor César Alvares, para fazerem a entrega da medalha e do Diploma de Cidadão
Emérito de Porto Alegre ao Senhor Luís Felipe Tavares da Silva. Logo após, o
Senhor Presidente, em nome desta Casa, entregou ao Homenageado a obra editada
em comemoração aos dez anos da nova sede da Câmara Municipal de Porto Alegre. “Porto
Alegre à Beira do Rio e em meu Coração” e, logo após, concedeu a palavra ao
Homenageado, que agradeceu aos Senhores Vereadores por todas as manifestações
feitas na presente homenagem, citando alguns fatos de sua vida, considerados
por ele os mais importantes. Às vinte horas e vinte e nove minutos, nada mais
havendo a tratar o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Artur
Zanella, agradecendo à presença de todos e declarando encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Isaac Ainhorn e
secretariados pelo Vereador Pedro Américo Leal, como secretário “ad hoc”. Do
que eu, Pedro Américo Leal, secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos
Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn):
Estão abertos os trabalhos. Esta Sessão destina-se à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Luís Felipe Tavares da Silva.
Convidamos a integrar a Mesa, além do nosso homenageado, o Dr. Cézar Alvarez,
Secretário do Governo Municipal, representando S. Exa. o Sr. Presidente
Municipal; a Sra. Vera Grinberg, esposa do homenageado; o Desembargador Nelson
Rassier, representando S. Exa. o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul, Desembargador Adroaldo Furtado Fabrício; o representante do
Comando Militar do Sul, Cel. Irani Siqueira, e o Cel. Élvio José Pires, representando
o Comando-Geral da Brigada Militar.
Destacamos a presença dos Deputados Federais Nélson Marquezan, Adroaldo
Streck e José Fortunati que, com suas presenças, honram este Parlamento.
(É executado o Hino Nacional.)
Esta Presidência, neste momento, já aberta a Sessão Solene de outorga
do Título de Cidadania Porto-Alegrense ao Luís Felipe Tavares da Silva, quer
manifestar e expressar ao homenageado a honra deste Vereador de, nesta
oportunidade, presidir a presente Sessão Solene, uma vez que as ligações pessoais,
afetivas deste Vereador com o homenageado e sua esposa são de muitos anos e
honram este Vereador e a mim, como pessoa. O destino apresenta as situações
mais curiosas no contexto vivencial e hoje apresenta a mim, pessoalmente, esta
satisfação de presidir; evidentemente, não abriria mão, sob hipótese alguma, de
estar aqui presente, neste momento, em quaisquer circunstância desta homenagem,
desta iniciativa dos Vereadores João Dib e Pedro Américo Leal, de concessão do
Título de Cidadania Porto-Alegrense a uma figura que há muito é um
porto-alegrense de fato. O que esta Casa, através de uma lei aprovada por
unanimidade por este Plenário e, posteriormente, sancionada pelo Sr. Prefeito
Municipal, simplesmente realizou, do ponto de vista legal, aquilo que já era
uma situação plenamente estabelecida. Configurou-se apenas o reconhecimento
legal e jurídico, se é que me permite o representante do Tribunal de Justiça
Desembargador Nelson Rassier o uso dessas expressões legais na avaliação do
Título que ora se concede ao nosso homenageado.
Conferimos a palavra, neste momento, ao Ver. Pedro Américo Leal, como
proponente da homenagem, que falará em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PPS,
PSDB e do PST.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: (Cumprimenta os componentes
da Mesa.) (Lê.)
“O que levará o elenco de Vereadores a destacar uma personalidade como
distinguida com título honorífico? Trabalhar com afinco na sua atividade? Ter
amplitude social, colocando os problemas de sua coletividade ao lado dos seus
ou mesmo sobrepujá-los? Ou há de ser a resplandescência, a fulgurância da
pessoa, a força de sua personalidade, em certos episódios, arrebatando a rotina
de uma vida?
Por certo, não há de ser só isso o que define a distinção, como, por
exemplo, esta atribuída a Luís Felipe Tavares da Silva, tipo singular, hoje
colocado na “pole position”.
Pelotense, engenheiro, homem de ciências exatas, mas, observem,
engenheiro de obras, o que lhe abre a preferência imperceptível pelo convívio
humano.
Aí reside, a nosso ver, o traço de sua personalidade, do seu destino.
Vamos investigar, buscar razões.
Foi sob a inspiração do grande Prefeito Telmo Thompson Flores, seu
paraninfo, primeiro patrão, que saiu por aí, pavimentando obras. Era o
engenheiro que partia, mas não seria o engenheiro que chegava. Por quê? Sua
vocação romântica que o diga. Sim, porque toda vocação encerra quase sempre um
romantismo.
A Avenida Oswaldo Aranha, a Icaraí, a estação rodoviária, os viadutos e
o túnel da Conceição e tantos outros que, ao lado de sua obra, nos faz divagar
e maturar: se não tivesse havido um Thompson Flores ontem, o que seria da Porto
Alegre, hoje?
Esta curiosa personalidade hoje agraciada, examinada por um psicólogo,
por certo teria um diagnóstico: não estava no lugar certo! No lugar devido, no
que aspirava no inconsciente.
Sétimo funcionário da Empresa Edisa Eletrônica Digital S/A. Pertenceu
ao seu primeiro time. Iniciou a tarefa de receber e desenvolver a tecnologia
para a fabricação de computadores.
Era um pluriáptico, homem que dá certo em várias profissões, mas que,
na verdade, tem uma paixão: muitos não a encontram, daí o desassossego por toda
a vida.
Foi uma escolha do Governo Federal, a preferência, a formação de um
quadro técnico para desenvolver e pesquisar conhecimentos, utilizando de
mão-de-obra e de cérebros gaúchos, oriundos da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, a prata da casa.
Mas não estava só aí sua aptidão, sua vocação. O homem vagava ao léu em
busca do seu verdadeiro destino. Sem saber, sem se aperceber, era um
desassossegado. Ansiava mexer com o material mais complicado, difícil de
manejar: gente, pessoas. Aí, sim, residia sua pulsação.
Sem saber, conduzido pelas suas preferências, faz um estágio, conduzido
pelas suas afinidades com o público. Foi assessor da diretoria, gerente comercial
de “marketing”. Uma luz se acendia. Inconscientemente, preparava seu
desligamento das coisas exatas.
Contas nacionais desfilaram sob seu comando: PETROBRÁS, ESSO, SHELL,
VOLKSWAGEN, BANRISUL, bancos os mais diversos, um verdadeiro patrocínio. Daí, para
ingressar, em 1993, no Praia de Belas “Shopping Center” como Gerente Comercial,
foi um “flash”, um passe de mágica. Estava definido o homem.
Finalmente, tinha se encontrado, esvaziava-se aquele calculador, com
régua de cálculo na mão, goniômetro e bússola pendurados, tábua de logaritmos a
preocupar o novo caminho. Que transformação psíquica. E ninguém melhor do que
este que vos fala, como psicólogo, para entender o achado. O encontrado. O
clarão!
Comunicação, liderança, relações com a comunidade, são ânsias que não
se podem travar. É uma busca sem a qual não há realização interna.
A administração do “Shopping”, com centenas de lojistas, mais de 2.000
empregados, funcionários, diretor, outros tantos indiretos, sem que soubesse,
era seu reino, seu anseio, não identificado. Diplomou-se engenheiro competente
e saiu por aí, fazendo obras. Mas sua obra era outra!
A criatura humana é uma caixa de segredos inesgotáveis até sua morte.
Qual há de ser o último pensamento registrado de um moribundo? Para quem? Para
o quê?
Hoje, pelo seu reinado, transitam no Praia de Belas “Shopping Center”
1.500.000 turistas e trafegam 280.000 automóveis por mês. É a sua cidade, seu
império, seu domínio, tanto que o ilustre Prefeito de Porto Alegre Tarso Genro
considerou esse seu ducado como uma subprefeitura de Porto Alegre.
Como então não distinguir com um Título de Cidadão de Porto Alegre a um
homem que o próprio Prefeito decide considerar oficiosamente seu subprefeito,
não pertencendo sequer ao PT?” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças dos
Vereadores Reginaldo Pujol, João Dib, Jocelin Azambuja, João Motta, além do
Vereador que acaba de deixar a tribuna, Pedro Américo Leal. Falará em nome das
Bancadas do PT e do PC do B, o Ver. João Motta, que está com a palavra.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sr. homenageado Luís Felipe Tavares da Silva, sua esposa, Senhoras
e Senhores. Para nós da Bancada do Partido dos Trabalhadores, Coronel e Ver.
Pedro Américo Leal, é motivo de muita honra e certamente vai passar para nossa
agenda política, nesta Legislatura, o fato de estarmos, aqui, presentes, mais
uma vez, convocados que fomos pela sua criatividade e pela sua demonstração de
civismo e cidadania ao homenagear este cidadão com o qual também tivemos
oportunidade de conviver e viver alguns momentos, momentos esses que fizeram
com que nós não tivéssemos nenhuma vacilação; ao contrário, se tivemos algum
sentimento, Ver. Pedro Américo Leal, quando percebemos a tramitação do seu
Projeto de Lei, foi de ciúmes por não ter sido um membro de nossa Bancada o
autor do mesmo. Mas estamos aqui presentes para nos associar a esta homenagem.
Eu não gostaria de fazer um discurso destacando o óbvio acerca dessa figura à
qual nós hoje prestamos esta homenagem.
Gostaria, em nome da minha Bancada, de registrar um pouco do seu
cotidiano no exercício da gerência desse “Shopping” que praticamente todos nós
freqüentamos semanalmente, que retrata um pouco, talvez, um aspecto da sua
existência que poucos de nós conhecemos. Eu tive a oportunidade de socializar,
conviver várias horas, muitos dias num processo que demonstra para nós uma
faceta da cidadania que precisa ser cada vez mais reconhecida pela nossa
Cidade, nós que achamos que a cidadania só se constitui no discurso político,
nós que achamos que a cidadania só se constitui se ela for informada por um
perfil contestador, um perfil oposicionista.
Não, nós queremos dizer, com toda a tranqüilidade e transparência, que
a cidadania também se constitui de outras formas, e essa que relato a partir de
agora, na nossa opinião, é uma forma de se constituir esse espaço pelo qual a
sociedade brasileira vai nessa transição avançando e superando as suas próprias
limitações.
Este episódio aconteceu por uma circunstância da vida, depois que
tivemos oportunidade de dialogar com um amigo comum, também muito próximo do
companheiro Vila Verde, da direção do nosso Partido, um companheiro que estava
fazendo mestrado em Paris, agora já retornando ao Brasil. Quando tive a
oportunidade de visitar o Tavares, uma das discussões acaloradas que tivemos,
naquela oportunidade, foi a crítica contundente que ele fazia pelo fato de as
salas de cinema estarem se concentrando nos “Shoppings Centers”. E quando
relatei que era um assíduo freqüentador dessas salas de cinema, mais indignação
ele manifestou.
Luís Marques, que é um amigo pessoal que temos, estará retornando a
Porto Alegre, Tavares, exatamente nos dias em que estaremos assinando o
convênio do qual tu, na minha opinião, foste um dos grandes articuladores. E
poderia usar uma figura simbólica para retratar a tua importância neste
processo: tu foste uma espécie de padrinho dessa idéia e dessa iniciativa. Na
segunda-feira estaremos no Salão Nobre da Prefeitura assinando um convênio
entre a PTC, Sindicato dos Exibidores, Prefeitura Municipal, Câmara Municipal
de Porto Alegre, chancelando a discussão que nós tivemos por muitos e muitos
dias do Projeto “Curta nas Telas”. Quero te dizer que tu foste, na minha
opinião, uma das figuras mais responsáveis para que se cumpra, hoje, em nível
nacional, já que temos uma lei que regula a apresentação de curtas, que é uma
tentativa de incentivar a produção cultural cinematográfica brasileira. Pois
nós estaremos, nesta semana, assinando esse convênio. Eu queria dizer, com toda
a tranqüilidade e transparência, em nome da Bancada do PT, que esse tipo de
cidadania também nós devemos reconhecer. Por esta razão, e por segunda-feira,
nós não poderíamos estar ausentes neste momento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra. Fala pela Bancada do PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) O PTB não poderia deixar de estar presente neste
momento prestando esta homenagem que a Cidade de Porto Alegre faz a Luís Felipe
Tavares da Silva. E eu, particularmente, fiz questão de vir à tribuna para
mostrar um outro lado dessa relação de Luís Felipe Tavares. Eu o conheci,
praticamente, quando entrei na Câmara. Ele entrou no “Shopping” e eu entrei na
Câmara de Vereadores. Eu sou vizinho do Tavares no Menino Deus. O Bairro Menino
Deus recebeu todo o impacto do “Shopping” Praia de Belas, dessa relação de
modernidade com a vida da Cidade. E o Tavares assumiu também missões difíceis.
O Bairro Menino Deus é um bairro dos mais tradicionais da nossa cidade de Porto
Alegre e eu tenho a felicidade de morar há muitos anos ali. E logo de início o
Tavares se defrontou com um sério problema: as reivindicações da Associação dos
Moradores do Bairro, que está aqui representada pela nossa Presidente atual,
Professora Gessi Fioravante, e a ex-Presidente, Profa. Alzira Bann. E lá fomos
debater com o Tavares a construção da Sede da Associação de Moradores do Bairro
Menino Deus, o que já vinha sendo objeto de várias negociações com o “Shopping”
Praia de Belas. Dentro do seu espírito positivo, o Tavares negociou com a
comunidade, demonstrando o lado positivo das várias formas de ações que ele
empreende. Sei que é um trabalho extremamente difícil, não só administrar a
sub-prefeitura, como também manter esse tipo de relação com a comunidade. O
“Shopping” não é um ente isolado. Ele tem uma relação de convivência com a
população e precisa manter todo esse posicionamento de forma positiva para não
gerar a insatisfação da comunidade.
Tive a oportunidade de conviver com o Tavares e pude ver esse lado
positivo da sua personalidade, tive a oportunidade de ver o cumprimento da sua
palavra, o que é tão importante e pelo que todos clamam sempre: o cumprimento
da sua responsabilidade. O Tavares manteve o compromisso assumido com a
Associação, que construiu a sua sede, uma das mais belas sedes de associações
de moradores, lá na Praça Roque. Nós negociamos com a Colônia Calabresa, do
Bairro Menino Deus, dizendo que ela deveria ficar com a Praça Itália e não com
a Praça Roque. Conciliamos tudo, e o Tavares sempre na ponta da discussão,
harmonizando, buscando uma solução. Isso revela esse cidadão que hoje é
homenageado por Porto Alegre.
Esta Câmara de Vereadores reconheceu todas essas facetas da
personalidade do Tavares e do seu envolvimento com a Cidade. Isso demonstra que
está apto para ser um cidadão de Porto Alegre. Esse pelotense agora já pode se
considerar, de fato, um Cidadão de Porto Alegre, porque ele já passou por todos
os embates, conseguindo atingir os planos ideais de realização humana. Isso é
muito importante. Porto Alegre, Tavares, neste momento, tem a honra de poder
tê-lo como filho, e tenha a certeza de que ainda vamos te cobrar muitas coisas,
porque precisamos do teu trabalho, da tua competência, da tua seriedade e
responsabilidade. Vamos te cobrar bastante. Tens somente cinqüenta anos. Tens
muito a dar para esta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registro as presenças do
Presidente da Sociedade de Informática do Rio Grande do Sul, Sr. Antônio Ramos
Pires, e do Sr. Clair Rokfort, Diretor do “Diário Popular”, de Pelotas.
O Ver. João Dib está com a palavra pelo PPB.
O SR. JOÃO DIB: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Numa solenidade como a de hoje, o que poderíamos
dizer ao homenageado? Tudo aquilo que eu vier a dizer aqui daquilo que ele já
realizou todos que aqui estão já sabem, porque são seus amigos e vieram aqui
para aplaudi-lo. Então, vou falar sobre a criatura humana, o Felipe, o Tavares,
o Luís Felipe para outros, mas sempre um amigo presente, uma pessoa que faz um
culto permanente da amizade, que tem na simplicidade uma característica
marcante da sua personalidade e que se preocupa muito com os seus semelhantes.
Um outro traço seu é a solidariedade humana. Estas são as qualidades que
fizeram com que o nosso homenageado, hoje, recebesse este Título de Cidadão de
Porto Alegre e recebesse por unanimidade toda da Câmara Municipal. Mas disseram
que ele é de Pelotas, disseram que ele é do Rio Grande do Sul. Eu lembrei,
quando falavam, de Sócrates: perguntaram se ele era de Atenas; ele disse que
não era de Atenas e nem da Grécia; ele era do mundo. E o Luís Felipe Tavares da
Silva vai poder dizer, agora, que ele não é de Pelotas, que ele não é do Rio
Grande do Sul, que ele é de Porto Alegre e Porto Alegre é um mundo, um mundo
que o Felipe ajuda a fazer mais alegre e ajuda a fazer mais humano.
Mas, meu querido Luís Felipe, ninguém recebe homenagem sozinho. Sempre
tem alguém que o auxilia, sempre há alguém que o estimula, sempre há alguém que
lhe dá ânimo nos momentos difíceis. E quantas vezes deves ter chegado em casa,
com problemas, e encontraste um auditório magnífico! Lá estava a Vera para te
dizer: “Felipe, vamos em frente, que nós chegamos lá”. Lá estava a Melina, lá
estava o Cássio, dizendo: “Felipe, segue que nós te acompanhamos”. Além disso,
os teus amigos, por este culto que tu fazes à amizade, sempre prontos a te
apoiar e dizer que continuasses no bom caminho. Fazer uma análise, como fez o
meu ilustre colega de Bancada, o Ver. Pedro Américo Leal, que, entre outras
coisas, também é psicólogo, também é professor, realmente é difícil; é difícil,
depois dele, falar na característica romântica do Felipe, um homem que sonha,
que tenta transformar estes sonhos em realidade – é uma coisa muito boa. Mas,
na verdade, Felipe, o título que hoje te outorgam, que é o começo de uma série
desta semana, - cinqüenta anos é uma data muito importante na vida da gente,
mas outros títulos estão sendo aguardados no “marketing” nacional e outras
coisas mais pelo merecimento que tu tens – mas o título que estás recebendo
está a dizer: “Felipe, Porto Alegre, que é um pequeno mundo, espera muito mais
de ti, e esta força, este entusiasmo que te é dado agora, esta alegria que
estás vivendo, neste momento, junto aos teus amigos e familiares, será a razão
de que Porto Alegre espere muito mais e que tu continues na mesma trilha, com a
mesma simplicidade, com a mesma preocupação, amizade e solidariedade humana,
fazendo mais por Porto Alegre, por sua gente e por todos nós”. A homenagem é
realmente muito merecida. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol, que falará pela Bancada do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da
Mesa.) Ilustres Srs. Deputados, especialmente meus amigos Nelson Marchezan e
Adroaldo Streck, e essa figura digna, de grande parlamentar brasileiro, que é o
Dep. José Fortunati; colegas Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras. O
grande pensador espanhol Ortega Y Gasset, em uma de suas elocubrações, afirmava
há muito tempo, ao falar sobre a natureza humana, “que o homem é ele e as suas
circunstâncias”. Nós não desconhecemos que, ao homenagear, no dia de hoje, o
Luís Felipe Tavares da Silva, nós homenageamos também a circunstância de ser
ele, pelos seus méritos, competente dirigente de um dos maiores empreendimentos
que a Cidade de Porto Alegre conhece. Empreendimento que coloca Porto Alegre,
ainda que timidamente, na modernidade, criando um local onde, de forma
ordenada, organizada, se possa consumir, produzir, vender e formar riquezas. A
vida de Luís Felipe Tavares da Silva é rica de motivos e razões pelos quais
esta Casa poderia chegar ao ponto que chegou. Luís Felipe, lembro bem, como
engenheiro, foi um destacado integrante da equipe da EPASUL, aquela empresa que
em determinado momento da história de Porto Alegre, no momento em que ela era
dirigida pelo Engº. Telmo Thompson Flores, seu paraninfo, realizava uma série
infindável de obras na qual a EPASUL se destacava sobremaneira. Poderia também
lembrar da atuação pioneira do Luís Felipe na EDISA, essa empresa genuinamente
gaúcha que se destacou numa atividade nova, desconhecida até a sua instalação
aqui no Rio Grande e o fez com grande eficiência. Mas não tenhamos dúvida de
que essa circunstância que Luís Felipe vive desde 1993 como dirigente do
“Shopping” Praia de Belas é que evidenciou a sua figura de tal ordem que a
sensibilidade do Ver. Pedro Américo Leal soube captar. Neste momento, eu quero
dirigir ao Luís Felipe a homenagem do PFL, que tenho orgulho de representar
nesta Casa e que vê nele uma das figuras que de forma mais expressiva sustenta
esse estilo de vida que nós liberais propugnamos para a Cidade e para o Rio
Grande. Nós, que estamos acompanhando o “Shopping” Praia de Belas desde o seu
nascedouro, lembramos muito bem o terror que a idéia da implantação de um
“Shopping” naquela área de Porto Alegre, no primeiro momento, criou. Havia o
temor de que pudesse ser comprometido o espaço verde que a sociedade gaúcha
conquistou com o Prefeito Guilherme Socias Villela, que é o Parque Marinha do
Brasil. Hoje, irmanadas ambas as situações e acrescida ainda a área verde
daqueles suplementos que a instalação do “Shopping” permitiu, nós temos
confessada pelo Ver. Jocelin Azambuja, Vereador que mora ali, no Menino Deus, a
plena integração dessa modernidade em termos de atividade comercial com o
contexto da Cidade de Porto Alegre. E, nessa integração, a capacidade de
liderança, a capacidade de aglutinação e, sobretudo, a forma liberal e aberta
com que o Luís Felipe se conduz na direção desse importante centro de comércio
de ativação econômica da Cidade, foi fator preponderante. Nesta linha, é uma
homenagem sincera, positiva e, sobretudo, orgulhosa que o PFL oferece neste
dia. Meus cumprimentos, Luís Felipe; tu és merecedor deste título pelo que
fizeste e pelo que ainda continuarás a fazer por Porto Alegre, que te acolheu e
que se orgulha em tê-lo entre os seus ilustres filhos que vão compor a sua
galeria de cidadãos honorários. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apesar de trabalhista, a
Presidência foi liberal no tempo do Ver. Reginaldo Pujol.
Neste momento, convidamos a todos para que, de pé, assistam à entrega
do diploma e da medalha de Cidadão de Porto Alegre. Convidamos o Ver. Pedro
Américo Leal e o Dr. Cézar Alvarez, representante do Sr. Prefeito Municipal,
para que entreguem a medalha e o diploma ao Sr. Luís Felipe Tavares da Silva.
(Procede-se à entrega do diploma e da medalha.)
Eu queria também, em nome da Casa, fazer a entrega ao homenageado de
uma obra editada por ocasião dos dez anos da nova sede da Câmara Municipal de
Porto Alegre, o livro “Porto Alegre à Beira do Rio e em Meu Coração”.
(Procede-se à entrega do livro.) (Palmas.)
O Sr. Luís Felipe Tavares da Silva está com a palavra.
O SR. LUÍS FELIPE TAVARES DA
SILVA: Sr.
Presidente, eu acho que tenho aqui muitos dos meus amigos que fiz em Porto
Alegre e em Pelotas. Estou muito feliz e quem é meu amigo sabe que sou um
grande chorão e não vai dar outra. Todas as pessoas falaram, Pujol, Pedro
Américo, Dib, João Motta, de várias coisas que eventualmente eu tenha feito.
Nesta última semana estive pensando nesse meu improviso e vi que sou uma pessoa
muito feliz por ter feito tantos amigos. Durante toda a minha vida procurei
fazer amigos e vocês que me conhecem bem sabem que fico reconhecido por estarem
presentes neste momento.
Quando eu era pequeno, lá em Pelotas, em muitos domingos eu saía com o
meu pai para caminhar. A gente ia caminhando e conversando e ele ai
cumprimentando pessoas, e eu ia perguntando quem eram as pessoas e ele me
dizia: “eu a conheço há dez anos, há quinze anos”. Mas tinha um número, para
mim, que era cabalístico, que era: “eu conheço aquela pessoa há vinte e cinco
anos”. Esse número “vinte e cinco” me perseguiu durante toda a minha vida. O
Pedro Américo Leal me chamou de pluriáptico, falando do meu conhecimento da
matemática, das ciências exatas. Eu aprendi, na minha vida, a fazer todas as
contas, no mínimo de multiplicar, que envolvem o número vinte e cinco. Eu não
sei por que, mas isso foi me perseguindo. Eu estou fazendo, neste ano de 1996,
em Porto Alegre, trinta anos nesta Cidade. Procurei manter essa grande relação
com Pelotas, que é a minha cidade de coração, onde eu tenho o meu título
eleitoral. Então não posso dedicar esse título ao PT, ao PFL, ao PTB.
Infelizmente, eu não posso votar aqui, mas empresto meu “outdoor”, que está ali
na saída, para vocês.
Então, isso, para mim, essa coisa que o meu pai me transmitiu, do
amigo, é uma coisa que procurei seguir toda a minha vida. Fiz muitos amigos na
minha vida e me orgulho de tê-los feito. Até hoje tenho grandes companheiros, amigos
em Pelotas – estou vendo-os aqui, dois mais antigos. Estou fazendo 50 anos
nesta semana, tenho amigos há mais de 40 anos aqui, 15 anos a mais do que os 25
do meu pai. Isso, para mim, é muita emoção. Estou vendo aqui o Luís Felipe
Gastal que certamente deve ser o meu mais antigo amigo. Estou vendo várias
pessoas que me seguiram nas épocas mais importantes da minha vida, nas várias
fases da minha vida.
Então, o que estou recebendo hoje, este título honroso, quero dividir
com todos vocês, pois é um motivo de grande satisfação, com todos os meus
amigos que me acompanharam nas fases da minha vida.
Não é querer dar a alguns importância maior do que a outros.
Selecionei, durante esses dias, pessoas que foram muito importantes para mim
durante este período em Porto Alegre e durante os 50 anos de vida. Peço licença
aos meus amigos para citar apenas alguns que não são os mais importantes, mas
foram muito importantes em diversas fases da minha vida.
Quero agradecer ao meu pai, pelo que me representou e me representa
ainda, pelo esforço que fez na nossa formação; à minha mãe, que está aqui
conosco, pelo amor dedicado; aos meus irmãos pelo que tanto contribuíram para
mim; ao meu ex-sogro Florindo Torres, que não vemos, meu segundo pai, pelo
estímulo e exemplos que me transmitiu; à Eloah Helena, minha ex-esposa, pelo
grande incentivo durante a nossa longa convivência; aos meus ex-cunhados, que
estão aqui; ao Luís Fernando, Francisco Miguel e à Regina, pela fraternidade; à
Vera, minha mulher, e os filhos Cássio e Melina; à minha família pelo apoio
constante. Aos meus cunhados Beto e Zulema, Sérgio e a Nena, a Iara e o Bira,
pela acolhida e amizade sempre demonstrada; aos meus sobrinhos pelo que tanto
souberam, que sabem, substituir os filhos que eu não tive.
Quero fazer um agradecimento especial ao Dr. Ivo Wolffe, que foi o
Diretor da Faculdade de Engenharia, que permitiu a minha transferência de Santa
Maria e tornou possível realizar o meu sonho. Quero agradecer também à
Secretária do Dr. Ivo Wolffe, que insistiu com ele para que me recebesse e eu
pudesse me transferir de Santa Maria para Porto Alegre. A um grande amigo, que
não está mais conosco, Antonio Carlos Ferreira – a presença dele foi nos tirada
muito cedo, na melhor fase de sua vida, porque ele acreditou muito no meu
potencial e me convidou para fazer um teste na IBM, o que foi fundamental na
minha vida pessoal, profissional e na minha permanência aqui.
Ao meus queridos amigos que não estão aqui, o Luís Fernando Centeno e
Régis Guedes da Luz, pelo grande companheirismo desde os tempos de faculdade.
As nossas divergências de hoje não apagam nada, nada do que eles me
representam. Aos meus professores da faculdade eu quero agradecer também e
quero centralizar esse agradecimento em uma pessoa de conduta ímpar e de lucidez
exemplar, que é o Manoel Luís Leão, meu guru, meu querido professor, que a
lucidez me faz perseguir coisas maiores. Ao querido Ver. João Antonio Dib e a
Mariur, que têm um lugar especial no meu coração, em que pese a nossa muda
discordância política, criou-se uma grande amizade entre nós e tenho um grande
respeito por sua trajetória política que inclui sete legislaturas nesta Casa,
se Deus quiser. Ele é um exemplo de exercício de cidadania exemplar. Tem
trânsito livre em todas as correntes ideológicas, coisa que só os retos, os
justos e os bons conseguem. Ao Ver. Pedro Américo Leal, que encaminhou a
proposição desse meu título, o meu mais profundo reconhecimento pluriático. E a
todos os meus amigos, àqueles que estão presentes e aos que não estão, um muito
obrigado. Deixo um grande abraço a esta Cidade que hoje me faz seu cidadão. Amo
todos vocês, um abraço. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Gostaria de registrar a
presença do Ver. Artur Zanella. Agradeço a presença de todos os senhores.
Depois da manifestação do nosso homenageado, resta-nos agradecer a presença de
todos os senhores. Muito obrigado.
Está encerrada a presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 20h29min.)
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